segunda-feira, 4 de maio de 2009

A vida não para, não para não...

E hoje eu me dei ao luxo de sentar à mesa para almoçar de uma maneira decente, como uma pessoa normal. Não fiquei mais comendo com uma mão enquanto fuçava o seu orkut com a outra. Não fiquei tentando equilibrar a comida no garfo ao mesmo tempo que me certificava se você estava mesmo online no msn e se não iria mesmo falar comigo.
Hoje eu me deixei ouvir músicas animadas no caminho para a faculdade. Não me machuquei ainda mais ouvindo àquelas melodias que eu odeio e que você tanto ama. Não me identifiquei com toda e qualquer letra manjada, por mais brega que fosse, e não olhei para as pessoas na rua imaginando o tanto que já sofreram por amor.
Hoje eu tomei um banho longo e demorado, com direito a óleo de amêndoas antes entrar embaixo d’água. Não lavei o cabelo correndo pra poder sair logo e não perder alguma mensagem ou ligação ou qualquer tipo de tentativa de comunicação sua. Não saí do banheiro molhando a casa toda só pra poder mostrar que eu estava alí, que eu estava disponível pra falar com você.
Hoje, pela primeira vez em meses, eu conseguí ver beleza nas coisas mais simples. Não enxerguei só o sofrimento na expressão das pessoas que passaram por mim correndo. Não quis matar todo e qualquer casal apaixonado que encontrei pelo caminho e não, não te ví em todo rosto, todo carro, toda moto e todo doce com o qual me deparei.
E tudo isso porque descobrí que talvez eu nem te ame mais. Que, talvez, nem tenha amado tanto assim. Talvez, e só talvez, o que me mata todo dia, o que me faz não conseguir almoçar, só ouvir músicas tristes, não cuidar de mim e enxergar tudo cinza, talvez, e só talvez, seja a rejeição, a falta de auto estima e a dorzinha lá no fundo do ego, causada pelo seu “não-querer” mais.
Talvez eu tenha, finalmente, entendido que o que mais me dói é ouvir todas as minhas amigas me dizendo o quão maravilhosa, o quão simpática e amável e adorável e espetacular e tudo-de-bom eu sou. E o quanto eu mereço alguém que me dê o devido valor e a beleza que vai ser encontrar o dito cujo que vai me querer de verdade, que vai me amar independente de tudo, que não vai medir esforços para me encontrar e que vai ser, definitivamente, melhor, mais bonito e muito, muito mais bem sucedido que você.
Acho que, talvez, eu só não consiga entender que se eu sou mesmo, assim, tão maravilhosa, porque raios só você não enxerga isso. E se eu, realmente, mereço alguém melhor, então porque eu ainda não achei algo nem parecido com qualquer coisa melhor.
A verdade é que rejeição dói e que é muito difícil entender que você, simplesmente, não me quer mais. A verdade é que essa tentativa insana de entender o motivo pelo qual eu não te tenho mais vem me consumindo de uma maneira exagerada, não me deixando ver o sentido de mais nada, não me deixando viver.
Mas hoje não. Hoje eu conseguí enxergar a vida sem você e (pasme!) os passarinhos continuam cantando, as pessoas ainda seguem suas rotinas, casais ainda brigam e se reconciliam, pessoas continuam se conhecendo, os bancos ainda funcionam, as notícias não param de se atualizar, a crise continua botando medo em muitos trabalhadores, crianças ainda passam fome e morrem de frio e de fome, a devastação do meio ambiente continua sendo um problema, os políticos ainda roubam, a esperança ainda existe e não, a Terra não deixou de girar em torno do sol e em torno de sí mesma. É, é o mesmo movimento de translação e rotação que sempre existiu e sempre existirá, independentemente da minha vida estar, ou não, ligada à sua.

A.