segunda-feira, 4 de maio de 2009

A vida não para, não para não...

E hoje eu me dei ao luxo de sentar à mesa para almoçar de uma maneira decente, como uma pessoa normal. Não fiquei mais comendo com uma mão enquanto fuçava o seu orkut com a outra. Não fiquei tentando equilibrar a comida no garfo ao mesmo tempo que me certificava se você estava mesmo online no msn e se não iria mesmo falar comigo.
Hoje eu me deixei ouvir músicas animadas no caminho para a faculdade. Não me machuquei ainda mais ouvindo àquelas melodias que eu odeio e que você tanto ama. Não me identifiquei com toda e qualquer letra manjada, por mais brega que fosse, e não olhei para as pessoas na rua imaginando o tanto que já sofreram por amor.
Hoje eu tomei um banho longo e demorado, com direito a óleo de amêndoas antes entrar embaixo d’água. Não lavei o cabelo correndo pra poder sair logo e não perder alguma mensagem ou ligação ou qualquer tipo de tentativa de comunicação sua. Não saí do banheiro molhando a casa toda só pra poder mostrar que eu estava alí, que eu estava disponível pra falar com você.
Hoje, pela primeira vez em meses, eu conseguí ver beleza nas coisas mais simples. Não enxerguei só o sofrimento na expressão das pessoas que passaram por mim correndo. Não quis matar todo e qualquer casal apaixonado que encontrei pelo caminho e não, não te ví em todo rosto, todo carro, toda moto e todo doce com o qual me deparei.
E tudo isso porque descobrí que talvez eu nem te ame mais. Que, talvez, nem tenha amado tanto assim. Talvez, e só talvez, o que me mata todo dia, o que me faz não conseguir almoçar, só ouvir músicas tristes, não cuidar de mim e enxergar tudo cinza, talvez, e só talvez, seja a rejeição, a falta de auto estima e a dorzinha lá no fundo do ego, causada pelo seu “não-querer” mais.
Talvez eu tenha, finalmente, entendido que o que mais me dói é ouvir todas as minhas amigas me dizendo o quão maravilhosa, o quão simpática e amável e adorável e espetacular e tudo-de-bom eu sou. E o quanto eu mereço alguém que me dê o devido valor e a beleza que vai ser encontrar o dito cujo que vai me querer de verdade, que vai me amar independente de tudo, que não vai medir esforços para me encontrar e que vai ser, definitivamente, melhor, mais bonito e muito, muito mais bem sucedido que você.
Acho que, talvez, eu só não consiga entender que se eu sou mesmo, assim, tão maravilhosa, porque raios só você não enxerga isso. E se eu, realmente, mereço alguém melhor, então porque eu ainda não achei algo nem parecido com qualquer coisa melhor.
A verdade é que rejeição dói e que é muito difícil entender que você, simplesmente, não me quer mais. A verdade é que essa tentativa insana de entender o motivo pelo qual eu não te tenho mais vem me consumindo de uma maneira exagerada, não me deixando ver o sentido de mais nada, não me deixando viver.
Mas hoje não. Hoje eu conseguí enxergar a vida sem você e (pasme!) os passarinhos continuam cantando, as pessoas ainda seguem suas rotinas, casais ainda brigam e se reconciliam, pessoas continuam se conhecendo, os bancos ainda funcionam, as notícias não param de se atualizar, a crise continua botando medo em muitos trabalhadores, crianças ainda passam fome e morrem de frio e de fome, a devastação do meio ambiente continua sendo um problema, os políticos ainda roubam, a esperança ainda existe e não, a Terra não deixou de girar em torno do sol e em torno de sí mesma. É, é o mesmo movimento de translação e rotação que sempre existiu e sempre existirá, independentemente da minha vida estar, ou não, ligada à sua.

A.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Doces deletérios...

Desculpas aceitas e obrigada pela sinceridade (antes tarde do que nunca).
Quero que saiba que eu torço muito por você e espero que você seja muito feliz.
Uma pena mesmo você ter decidido me informar sua decisão por e-mail. Mas, se começou dessa forma, porque não acabar?
Espero que um dia possamos nos encontrar novamente pra começar, de repente, uma amizade.
Obrigada por tudo e desculpa qualquer coisa.
É isso aí, boa sorte com seu tcc, seu trabalho e tudo o mais...e se cuida!

Grande beijo.

PS: Tenho vontade ainda de insistir e não deixar você fazer isso. Mas eu te falei que se você me dissesse “não” eu entenderia, não insistiria, aceitaria e não correria mais atrás, certo? Pois bem, com muito pesar, cumprirei minha palavra.
Tente se deixar envolver mais por esse "sentimento bom" e não faça de tudo pra perder quem gosta tanto de você. Se entregue, às vezes pode valer muito a pena. Corre-se um risco, mas só se sabe, se tentar.
Enfim, você é uma pessoa muito importante pra mim. Sempre foi e sempre será.
Tenho muito e nada pra te dizer ao mesmo tempo. Então, antes de falar besteira, vou parar por aqui. (Mentira, não vou não! E porque o medo de falar besteiras? Mais do que já falei outras vezes? E agora também não tenho mais nada a perder, então vamos lááá....)
Desculpa a demora pra responder, não queria escrever nada de cabeça quente, precisei me acalmar primeiro.
Acho que só eu (e só eu mesmo, ninguém mais, nenhum amigo, nenhum conhecido, nenhuma pessoa de fora, nenhum analista, nem mesmo o meu horóscopo e pior, nem você) acreditava nesse relacionamento. É, acho que eu sou uma boba otimista mesmo, mas eu realmente acreditei, tive certeza. Azar o meu, caí do cavalo. Você quebrou as minhas pernas, só pra não perder o costume.
Isso tudo começou errado, começou confuso, sem equilibrio. Agora era a hora mesmo, ou deslanchava de vez, ou acabava. Em termos menos delicados, “Ou fode ou saí de cima”.
Você ainda está me devendo um banho de chuva. Tirar o time de campo não te livra de certas obrigações não, viu mocinho? Hahaha...=P Tô brincando, só pra descontrair esse clima meio tenso.
Vou sentir falta dos nossos emails, dos planos que eu tinha feito pra nós e (pasme!) até mesmo das suas grosserias difíceis de entender. Sentirei falta também do seu jeito sem graça de não conseguir brigar ao telefone e de esperar os encontros aos domingos que nunca vão acontecer.
Vou sentir falta também das nossas conversas xoxas no msn logo pela manhã e de te mandar mensagem só porque a lua está bonita.
Vai doer não poder sorrir com o canto dos lábios ao ler qualquer notícia que envolva o mar só por saber que você está pertinho dele.
Vai ser difícil não ter em quem pensar nas aulas de semiótica e não ter pra quem mandar emails na aula de planejamento.
Ir ao cinema talvez passe a ser a pior parte. Ou sentar em qualquer banco do shopping higienópolis, dar uma passadinha no “Black Horse” aqui em alphaville, refazer as luzes no cabelo ou pintar minhas unhas de vermelho.
Vou ter que dar um jeito de não ir em nenhum aniversário em santos (vai que eu fico bêbada e resolvo ir atrás de você, a pé? Hahhaahaah), tentar recuperar o dinheiro que gastei com o torneio do meu irmão (nem vou te xingar por isso, eu sabia o risco que eu corria ao tomar essa decisão, não me arrependo) e desmarcar as viagens até aí que eu tinha marcado com uma amiga e o namorado dela (ela tem casa no Guarujá, já estava tudo esquematizado, mas enfim...tomar um sol segurando vela acho que também não vai me fazer grandes males).
Não me arrependo de nada que falei, nada que fiz e nada que tentei. Olhar pra trás e saber que eu fiz tudo o que estava ao meu alcance e que faria muito mais é o que mais me conforta, por mais irônico que seja (afinal, nadei e morri na praia).
Não é o fim do mundo. Nem pra mim e muito menos pra você. Nossos caminhos se cruzaram de novo e se tiver que se cruzar pela terceira vez, tenho certeza que acontecerá. Mas também não sou idiota o suficiente a ponto de me fazer sofrer muito e muito mais. Então, não vou esperar que isso aconteça.
Pela segunda vez na vida tive a certeza que você era sim a pessoa certa pra mim, mas se for mesmo, tenho certeza que te encontrarei, querendo ou não, mais uma (ou algumas, ahahahahah, vai saber) vez.
Não sei quais foram os seus motivos pra me tratar da maneira como tratou (como você citou no e-mail) e nem sei, na verdade, se quero saber. Mas peço que me desculpe se alguma atitude minha te fez titubear.
O engraçado é que eu já sabia dessa sua decisão há muito tempo, mas ficava me enganando, me iludindo, achando que podia não ser bem assim. Enfim, teu e-mail me chocou e doeu da mesma forma que chocaria e doeria se eu não esperasse por isso nem em sonho.
Eu te machuquei, você me machucou. Pelo menos, dessa forma, sei que da minha vida você não sai mais. Carrego um pouquinho de você e tenha certeza que você também carrega um pouquinho de mim.
Bom, esse e-mail já está ficando dramático demais até pra mim! Parece que estou me despedindo de você pra nunca mais.
Tenho certeza que somos pessoas civilizadas e, dessa vez, não haverá necessidade de grandes cortes. Eu, pessoalmente, não vou te excluir de absolutamente nada. Nem de msn, nem de orkut e muito menos o telefone.
Mas isso não quer dizer, de maneira alguma, que vou falar com você como se nada tivesse acontecido, que vou te mandar e-mails com notícias interessantes e que vou te mandar mensagens quando a lua estiver bonita (ou quando eu estiver bêbada e ouvir uma música que faça muito sentido).
Preciso de um tempo. Tudo isso está doendo muito. Fazia muito tempo que eu não me deixava envolver dessa forma e não me deixava cair também.
Pois bem, você mexeu comigo, você me despedaçou e está doendo. Não me arrependo e faria tudo de novo, mas está doendo. E eu preciso de um tempo pra conseguir respirar sem doer de novo. Preciso voltar ao meu estado normal e não ter um desejo absurdo e quase que incontrolável de matar todo e qualquer casal que aparece na minha frente.
Preciso parar de te enxergar em toda música, em todo filme e em todo livro.
Preciso me cuidar e conseguir comer qualquer alguma coisa que não seja maçã (emagrecí 5 quilos desde a última vez que nos vimos). Preciso voltar a sentir gosto no chocolate e não sentir mais dor de estômago toda vez que o meu celular vibra e não é você.
Tá, estou fazendo tempestade em copo d’água. Mas está doendo, o que eu posso fazer? Eu ia me limitar a escrever até o que escreví antes desse “PS” gigantesco, mas esse pode ser o último e-mail que eu te mando na vida. Não posso perder a oportunidade de te contar tudo o que estou sentindo.
Aliás, acho lindo deixar a pessoa saber a importância que tem. O fato de eu te dizer tudo isso que estou passando vai ser motivo de repulsa para muitos amigos meus que me dirão que você não merece ouvir, em suma, que foi amado. (Acredite, muitos amigos meus saberão, pois descobrí que não posso passar por isso sozinha, dói demais.). Mas eu acho que você tem todo o direito de saber tudo isso e não me importa se você merece ou não, isso não cabe a mim julgar. Preciso que você saiba, você tem que saber. Eu amei você.
Obrigada por isso. É bom saber que eu ainda sei sentir isso. O que me dói mais é imaginar que eu quis te perder a tempos atrás e, hoje, eu faria tudo de uma maneira muito diferente. Mas não posso mudar o que já foi e se estou colhendo o que plantei, o azar é meu e eu espero que sirva de lição. Uma coisa é fato, esse erro, eu NUNCA MAIS repetirei.
Espero que os danos que eu te causei tenham sido reparados e espero conseguir reparar o que você me causou. Eu te procurei e não me arrependo. Não me arrependo de ter te convidado para um “café em minha casa”, não me arrependo de não conseguir comer pêssego por um bom tempo e me arrependo menos ainda de ter insistido quando você me disse “não” pela primeira vez. Só não insisto agora de novo porque não quero que você me odeie e se encha de mim (mais do que já se encheu) e não estou a fim de me humilhar mais um pouquinho.
Desculpa pelos meus erros, pelas minhas cobranças, pelos meus textos longos e pelo desejo absurdo de ter você custando o que custasse.
Obrigada pela paciência, pelas visitas, pelos carinhos, pela verdade no olhar, pelos e-mails apaixonados, pelas quebradas de perna e por fazer minha vida ganhar mais sentido nesses últimos tempos. Obrigada pelo sofrimento também, é mais uma forma de crescer, aprender e superar.
Não consigo te dizer “me esquece, não me procura mais” pelo simples fato de eu não querer que você me esqueça e querer muito que você me procure muito, mas muito, mais.
Como te falei no começo dessa doidera toda, não quero te perder. Não quero perder a sua pessoa. Se o jeito for ser sua amiga, então que venha essa amizade, mas preciso de tempo. Preciso me recompor.
Isso não vai demorar mais três anos não! Ahahahah Mas sei lá, acho que a nossa história é muito bonita, muito sofrida e muito, muito apaixonante.
Esse e-mail ficou um tanto quanto mais longo do que eu gostaria. A minha intenção era a de não responder e sumir por uns tempos. Afinal, não sabia também o que responder. Quando alguém te diz “decidí que não quero”, você responde o que? “OK.” ? ? “Tudo bem então, valeu aí, hein!” ? ? “Vai tomar no meio do seu cu, idiota frio, racional e sem coração!!!” ? ? hahahahaha éé, pode até ser, acho eu!
Mas gosto de você demais e queria só mesmo que você soubesse o que eu sinto. Sem cobranças, sem pedidos, sem promessas, sem nem maiores esperanças...só a informação mesmo, só o relato do sentimento, só isso.
Não se assuste não, acho que muito de tudo isso você já sabia. Só precisava colocar pra fora, só precisava ter a certeza de que você sabe. Uma tentativa egoísta mesmo de conseguir, assim, seguir a minha vida.
É doído desejar que você seja feliz mesmo se eu não for parte dessa felicidade, mas eu quero mesmo que você seja feliz e que conquiste seu espaço ao sol. Sei que você ainda tem muito pra onde crescer e eu acredito em você e no seu futuro. Espero que seus sonhos e planos deem certo e que um dia você tenha vontade de me ligar só pra me contar as suas conquistas e as suas vitórias.
Credo, estou sentindo que acabei de te dizer “adeus” de novo. Mas acho que não é isso não, o mundo dá muitas voltas. Queria até deixar essa história mal-resolvida mais uma vez, só pra gente ter o que resolver daqui a 3 anos! Ahahahah
Mas não sou mais uma menininha confusa de 16 anos que acha que o mundo está em suas mãos e que os seus desejos serão realizados quando ela bem entender. Tenho maturidade o suficiente pra te dizer “ok, entendí o recado, não precisa dizer mais nada”. Mas, como você mesmo diria, a essência não muda. Então continuo sendo a mesma menininha confusa de 16 anos que acha que tem o mundo nas mãos, imatura o suficiente pra deixar uma dúvida no ar, uma indagação que vai sempre ser como uma cosquinha atrás da orelha se perguntando: “E aí, essa história acaba MESMO por aqui? ?”
Perguntinha difícil. Eu não sei, você não sabe e só o tempo vai poder nos dizer.
Não quero ser uma tola cheia de esperanças sem fundamento. Mas também não quero ser fria e racional.
Talvez não seja assim tão fácil e, talvez, assim seja melhor. Talvez cada um reme pra um lado. Mas os mares que te cercam, talvez sejam iguais aos meus.
Acima de qualquer coisa, tenho um carinho enorme por você. Estou aí pro que vier e quero que venha o que for melhor pra mim e o que for melhor pra você. Quero que venha o que for melhor pra NÓS.
Agora acho que chega, né? Já deu pra entender.
Apesar de tudo, valeu a pena pra mim.
Desculpa pelo e-mail mais longo da face da terra. Espero que você tenha tido paciência de chegar até aqui.
Se teve, muito obrigada pela atenção!
Beijos

A.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quem é mais sentimental que eu?

Mais uma vez você não me ligou.
Mais que isso. Mais uma vez eu esperei. E esperei tendo a certeza de que você não ia ligar, mas com um fundinho de esperança que, vira e mexe, me incomodava, dizendo "ai, calma, vai ver o curso dele ainda não acabou. Poxa, são só onze horas da noite. Quem sabe ele não está vindo, pode até fazer uma surpresa".
Ai, que vozinha chata essa, tirando minha concentração e me fazendo checar ligações e mensagens perdidas de cinco em cinco minutos. Fazendo com que meu pensamento racional de "ele não vai ligar, sua idiota, conforme-se e entenda: nada a ver você ter esperanças com esse ai, nunca vai dar certo. Cede e vai viajar com o bonitinho que dá mole pra você todo dia, que fica no seu pé. Vai, sua boba, arruma a mala e fala que aquele trabalho SUPER importante que você tinha que fazer, pôde ser adiado. Vai, se diverte, faz tudo que você tem vontade de fazer e desencana, porque ele simplesmente NÃO VAI TE LIGAR."
Mas ai aquela merda de esperança me diz que não, que é melhor eu ficar, que eu posso me arrepender de perder a ligação ou, pior ainda, atender à ligação e ter que dizer "não".
Eu decido ficar, esperar pra ver se não vai ligar mesmo, pra não me arrepender. Mas eu sei que você não vai ligar, eu sei.
A sua não-ligação, a sua pose de "estar nem ai" e me mostrar que eu estou indo rápido demais, com muita sede ao pote e que, talvez, você seja mesmo como o Fausto e eu seja mesmo como a Gretchen. Mas eu não sou como a Gretchen. A Gretchen era esperta, não aceitava esmolas e jamais esperaria uma ligação. Gretchen não esperou. Por mais que doece, ela não aceitou o abraço frio do Fausto. O abraço de quem não ama mais e de quem não quer viver com ela, não quer ter nada com ela. Um alguém que se sujeita a um abraço falso, repleto de obrigações só porque é orgulhoso demais pra perder. Só porque não sabe o que pode perder de verdade. Não sabe se perder é só perder o que já se tem ou se perder é perder também o que se pode conquistar e o que pode vir a ser a melhor coisa da vida. Pelo sim, pelo não, melhor não arriscar. A Gretchen sabia, assim como eu sei. Mas a Gretchen era corajosa o suficiente pra dizer "não" e dar um basta.
O seu email é como o abraço frio de Fausto, é uma tentativa de manter, mas sem muita vontade, sem paixão, frio. E eu sei que é frio, eu sei que não é de verdade, mas eu não consigo. Talvez eu imagine que você ainda vá me ligar e que eu vou me arrepender se não tiver esperado.
Mas esperar pela terceira vez? E lá vem todos os meus amigos me dizendo "deixa disso, para com isso, manda o menino à merda, vai ser feliz com quem quer você de fato. Você nunca foi disso, sempre foi de mandar à merda. Só se deixou sofrer uma vez e sofreu com todas as letras da palavra, mas hoje não mais, você não se deixa mais. Para, vai viajar, esquece, não pode ser tão difícil."
Mas é, é muito difícil. Eu não sei o porque, mas eu sei que é muito difícil. E o mais engraçado é que eu, talvez, titubeasse se você me ligasse e talvez arrumasse uma boa desculpa, fingindo que me importo com a possibilidade de ter dificuldades em acordar amanhã cedo e que não posso sair ou voltar muito tarde, dizendo que não posso dormir fora. Dizendo, nas entrelinhas, que não vou passar a noite com você. Não porque não posso, não porque não quero, mas porque tenho medo. Porque assim como eu sei que você não vai me ligar hoje, sei também que você não vai me ligar no dia seguinte e que o nosso relacionamento não vai ter futuro algum. E talvez, se você me ligasse agora, eu nem atendesse mesmo, pensando que "ah, agora, quase meia noite, você me liga, né? Bonitão, perdeu!" e aii eu riria pro celular, como quem rí da cara do bobo que achou mesmo que eu esperaria até às 23:52 de roupa, sem coragem de colocar o pijama, por pensar que, se você ligasse, eu teria que me arrumar toda de novo e daria um super trabalhão ter que escolher outra roupa perfeita.
É, pode ser que eu atendesse, mas fizesse voz de sono, aquela voz de quem não está nem ai e até esqueceu que você iria ligar se quisesse mesmo me ver. Uma voz de surpresa, que diz "nossa, você me ligando?? ah é, tinha esquecido que você estaria por aqui!" e que sairia, praticamente, de pijama, só pra mostrar que tinha esquecido de fato e que não está nem aí.
Mas nunca saberemos qual seria minha reação porque, afinal, você não vai me ligar MESMO. E ai eu penso que talvez nem queira que você ligue. Afinal, não quero ser iludida, não quero que você me ligue só porque está à toa por São Paulo e quer dar uns amassos em alguém.
Mas, nossa, você não vai me ligar nem se for só pra dar uns amassos? Então você não gosta de mim mesmo, ou então gosta e gosta tanto que não vai me ligar só por isso. Ou você tem outra em São Paulo, que não more longe do seu curso e que se disponha a ir até você, sem trabalho nenhum, sem dor de cabeça, só uns amassos. Ou talvez você tenha outra que more longe pra caralho do seu curso, mas que você gosta tanto, mas tanto, que vai se fuder pra ir até ela só pra conversar, talvez nem ganhar um carinho que fosse, mas vai valer a pena.
É, você me disse uma vez que não valia a pena. E eu, idiota, disse que, pra mim, valia. Na verdade, não foi idiota não, foi verdadeiro. Aliás, eu acho que preciso parar de achar que os meus sentimentos e o modo com os expresso são idiotas. Afinal, pra mim, valia MESMO e eu teria dado tudo aquela noite pra te ver nem que fosse 10 minutinhos que passariam mais rápido que um piscar de olhos. E acho que é aí que nós somos tão diferentes. Eu quero esse relacionamento pra valer. Eu quero 10 minutos ou 10 anos. Eu quero ver aonde vai dar, eu quero conhecer você por inteiro, fisica e psicologicamente. Quero saber o que você pensa, o que você sente, do que você gosta, quais seus pontos fracos e sensíveis e quero ter você, no sentido mais leve a, ao mesmo tempo, mais possessivo do mundo.
Mas eu não posso ter. Eu só posso ter umas conversas xoxas no msn, falta de respostas concretas, indecisão e medo. Eu só posso ter você sabendo que não o tenho por completo e só posso me doar, sabendo que não conseguirei oferecer tudo o que tenho pra dar. Eu só posso ter um pseudo-relacionamento banhado a pensamentos erroneos e ilusórios de que "é só o começo" e "as coisas ainda vão se ajeitar, a gente vai se entender e vai ser tudo lindo".
Doce ilusão.
Eu não posso amar você pelo simples fato de você não me deixar te amar. E eu não posso mais viver assim.
Eu não posso te ter apenas nos momentos em que você está trabalhando e matando seu tempo no msn. Eu não posso te ter só quando o seu caminho já era São Paulo mesmo (e nem assim, na maioria das vezes). Eu não posso te ter sem conseguir deixar passar dos amassos com roupa por saber, e só por saber, que o nosso próximo encontro pode ser que nem aconteça e que aquilo vai ficar por aquilo mesmo. Eu não posso te ter só quando convir pra mim e quando for cômodo pra você. Estou cansada de tratar o relacionamento como um jogo racional e não ligar só porque você não ligou e fingir que não me importo só porque é assim que chamo sua atenção. Eu não posso ficar fantasiando que você não se entrega por ter muito medo e esse medo ser fruto de culpa minha, de falha minha. Eu não posso mais me culpar pela sua falta de atitude. Afinal, já dizia meu pai que "quem quer, faz, dá um jeito e quem não quer, arruma uma desculpa".
Você não me ligou hoje. E não foi porque acabou a bateria do seu celular ou porque o curso demorou mais do que deveria. Você não veio me ver hoje. E não foi porque era muito longe ou porque já estava muito tarde.
Assim como hoje, você não vai me ligar amanhã, você não vai me ver amanhã.
Quem quer, dá um jeito. Eu quero e tanto quero que já tinha dado um jeito de ir até aí. Já tinha tudo programadinho. Dois dias, com carona e tudo o mais.
Mas eu não vou mais e eu não vou mais esperar a sua ligação. Eu vou viajar. Eu vou viajar com quem quer tanto, mas tanto, a minha companhia que expulsou o melhor amigo do carro pra que pudesse caber as minhas malas.
E eu sei que essa viagem vai ser uma merda. E eu sei que eu vou ter que falar "não" pra um menino lindo, amoroso, que gosta de mim e com quem eu tenho uma história por continuar. E negar vai doer no coração e no ego. Mas eu vou dizer "não", porque eu não quero que ele tenha que suportar o meu abraço frio e o meu medo de perder. Não quero que ele deixe de viajar com quem quer muito viajar com ele por uma ligação que nunca vai acontecer.
Hoje eu vou tomar coragem e te dizer que eu sei que você não gosta de mim. E que eu não sei qual é o seu problema. Se você ainda não sabe, se tem medo de dizer ou é só medo de perder uma possível-alguma-coisa.
Eu sei reconhecer quem me quer e você não se enquadra nesse perfil. E eu só não me deixei dizer isso antes porque a rejeição dói e é uma merda.
Eu não quero perder você. Mas eu não te tenho pra te perder.
Eu gosto de você. Mas eu gosto muito mais de mim.

Hoje é a minha vez de dizer "me esquece, não me procura mais". E eu ficaria MUITO feliz se você imprimisse esse email e jogasse na minha cara todas as besteiras que eu escrevi e que tentasse me convencer de que não, não é assim, que ainda tem um jeito e que eu estava completamente errada quando julguei todas as tuas desculpas esfarrapadas e que eu me enganei ao interpretar a sua ausência e indiferença como simples falta de interesse, como um simples não-querer da sua parte.
Mas, mais uma vez, eu sei que você não vai fazer nada disso. E não por ser muito orgulhoso pra correr atrás. E não por ficar em estado de choque. E não por ser muita cobrança de uma vez só. Você não vai, porque você não quer.
E isso é o que mais me dói.

PS: esse email foi escrito com a trilha sonora de The smiths – I know it’s over
PS2: eu ainda me odeio por querer muito que você estivesse aqui comigo agora. Pra que eu trocasse o teclado pelos seus dedos e The Smiths pela sua voz.
PS3: Queria que não acabasse por aqui, mas there’s nothing else I can do.

A.