terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O que seria de mim se não pudesse tentar?

Tentei matar cinco Culex pipens – mais conhecidos como pernilongos – ontem à noite, mas esses pequenos e irritantes insetos têm o dom de sumir assim que você se propõe a mata-los.
Tentei parecer sóbria depois de uma tarde inteira no bar, mas tudo estava engraçado demais para parecer normal.
Tentei dar vida a uma antiga avenca pendurada na minha varanda, que lá estava com o propósito de levar pra bem longe o mal-olhado, mas aprendi que nenhuma planta sobrevive sem água (e, de acordo com as teorias da minha mãe, sem carinho e atenção também não).
Tentei achar uma música que não sai da minha cabeça, mas a única informação que tenho sobre ela é que começa com “turn around”.
Tentei começar um regime, mas acho que regimes começados em terças-feiras não devem funcionar, esperarei a próxima segunda.
Tentei solucionar situações complicadas, mas entendi que o que não tem remédio, remediado está.
Tentei começar a curtir o verão, mas esse calor não há quem suporte.
Tentei me desapegar, mas não há nada mais prazeroso do que gostar de alguém de verdade, sem pensar no quanto isso, mais tarde, pode te machucar.
Tentei ter vergonha da bagunça do meu quarto e começar a arruma-lo, mas a minha bagunça é tão minha, que se alguma coisa mudar de lugar, nunca mais será encontrada.
Tentei deixar o preconceito de lado e assistir ao TV fama, mas a minha vida com certeza não irá mudar depois de saber, em primeiríssima mão, que mais algum cantor de pagode está sendo processado por sua ex-mulher-caso-amante-mãe de um de seus inúmeros filhos ou que Xuxa voltou com Luciano Szafir com a intenção de, mais uma vez, pegar emprestado alguns de seus espermatozóides e providenciar um irmãozinho para Sasha.
Tentei levar a sério o curso de desenho e não encara-lo apenas como um hobby, mas lição de casa nunca foi o meu passatempo favorito.
Tentei não sorrir ao ver algo que me machucava, mas sorrir ainda não é a melhor forma de suportar qualquer dor?
Tentei não assistir a um episódio repetido de “Friends”, mas não tem jeito, eu sempre me divertirei com esses seis amigos e suas hilárias conversas tomando café no “Central Perk”.
Tentei tirar da minha cabeça a idéia maluca de, um dia, morar em Nova York. Mas não adianta, essa cidade tem a minha cara.
Tentei controlar quem fica e quem sai da minha vida, mas isso não é um direito meu.
Tentei começar esse ano novo (já não tão novo assim) de uma maneira mais leve, mais tranqüila, sem muitas preocupações e isso eu acho que consegui.
Tentei não enrolar muito nesse texto, mas enrolar é a minha especialidade.
Até pensei em não tentar mais nada, mas aí a vida não teria a mesma graça.

A.

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